terça-feira

Abre a boca e grita o que me tens mentido
Nas folhas moribundas prestes a enfrentarem o precipício
Vejo cada momento que vamos passando juntos
Diz o que sentes
O que arde de dentro de ti
Não deixes o tarde demais chegar novamente à sua hora certa
Não deixes que o medo com as suas vestes
A fazerem lembrar um traje de cerimónia negro
Percorra as feridas abertas deixadas pelo tempo
Diz-me tudo o que sentes
Bem nos meus olhos
Mata-me ou deixa-me viver
A incerteza deixa-me num estado tipo pré hemorroidal
É uma merda
O tempo para amanhã é de chuva em todo o Portugal continental
Eu quero ter a certeza
Sim, julgo que vai chover.
Mas rãs? Sapos? Tartarugas gigantes?
Não, água. Água vinda do mar que ao mar regressa.
Torrentes de dúvidas.
Que apesar de não existenciais enervam-me
Eu quero provar-te. Ver se a tua pele é salgada. Se os teus lábios são macios.
Quero sentir o teu calor a fundir-se com o meu calor.
A luxúria percorre as minhas ideias trespassadas por mais ideias.
Quero tocar os teus seios.
Sim! Eu desejo-te.
E tu enervas-me com a indecisão latente nas tuas acções.
Beija-me. Toca-me. Ama-me loucamente.
Diz qualquer coisa.
O tempo para amanhã em Portugal continental vai ser dolorosamente húmido.
Vai fazer mal aos ossos e ao resto da saúde em geral.
Mas de onde vem este vendaval em terras lusas?
Não interessa o que digo.
O valor das palavras não se encontra nelas mesmas nem nos seus significados universais. Apenas na beleza que emana delas e que o indivíduo descodifica.
Sou um descodificador da beleza das palavras. Não interessa se são verdadeiras ou falsas. Posso encontrar beleza tanto na mentira como na verdade e como nas coisas assim assim. Um limbo entre a verdade e a mentira, com muito nevoeiro para dar um ambiente misterioso. Tipo... Londres, finais do século XIX. Um assassino em série mata convenções e esventra significados. Um chapéu alto. Um gentleman. Vejo dogmas moribundos a esvairem-se em sangue. Vejo a cartilha do desconhecimento seguida por multidões de indivíduos sós, mas ela não existe porque isso seria um contra senso. Mas ela seria o guia do contra senso. Logo, mais um objecto a flutuar nesse limbo. Um ambiente romântico. Um poeta alcoólico, nas margens de um rio, suicida mais algumas palavras queridas.

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