quinta-feira

Quase sem dizer nada, ela saiu de cena. E o céu, feito estúpido, irrompeu em lágrimas reclamando mais atenção para a minha dor. Revirei os olhos para cima e sussurrei: "Obrigado mas não preciso da divina complacência." Ah, sabe tão bem ser irreverente para com as divindades! Mas enfim, o cinzento nem estava assim tão fora de moda para aquele momento. Atrás de mim vinha uma das muitas desmultiplicações da minha consciência. Um pequeno robô de um braço só, a emitir sons irritantes como que a dizer que não estava a ser correcto. Como me ensinaram que arderia no inferno se maltratasse robôs resolvi não desligar o irritante ser. No entanto, para não o irritar mais, segui em linha recta sem me tresmalhar mais, ou ainda era comido pelo lobo mau. Já era quase hora do descanso e a dor gosta muito de espreitar nestas alturas. Virei-lhe as costas, não sem antes deitar-lhe um pequeno sorriso. "Sou pequeno demais para me atingires... o meu pó nem cócegas te vai fazer oh grande ordem das coisas. Para quê rastejar? Para quê me elevar? Prefiro continuar sem esperança a ver o mundo passar e a tentar dar pontapés no tédio com as simples coisas da vida. Ide chatear filósofos!"

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