- Nem sei bem meu... - Jack passou a mão pelo cabelo louro, cheio de confiança e continuou. - Parece que não vale mais a pena. Mas depois disto tudo, o que vou fazer? sabes? Penso: ok, esta é a minha vida, andar por aí a sugar a vida dos outros... e depois, será que há depois?
- Pá, relaxa o nervo. O vermelhinho fora da sua natureza a borbulhar na tua boca e a escorregar na tua laringe ou... como é mesmo?
- O quê?
- A cena da garganta? A laringe? Faringe?
- Caga nisso meu... estou demasiado deprimido. Isto de andar aí a sugar ... esqueço-me facilmente do que quero mesmo. Quando estiver a morrer ainda vou estar à procura e sem saber.
- Tu não morres. És imortal.
- Sou?
-Sim, és imortal.
-Não. Nem eu nem tu. Sabes que vais morrer, é certo, e vais mesmo enfrentar esse momento. Ele vai acontecer, e depois? Já não vai haver tempo para chorar tudo o que perdemos. enfim... há tudo o que conquistámos e todas as boas lembranças.
- ... e todas as vidas destruídas com a nossa sede não sei bem do quê
- É inevitável. É como os cães, por vezes raças não se cruzam lá muito bem.
- O quê?
- Há encontros na vida que nunca o chegaram a ser... quero dizer... acho que não me estou a explicar bem...
- Acho que te entendo...
- Isso não me faz sentir melhor mas obrigado na mesma.
- De nada amigo.