quinta-feira

#2

Percorri uma dúzia de ideias diferentes, nenhuma delas era uma ideia formulada pela minha própria vontade. Tinha vozes dentro de mim que me ditavam ao sabor de músicas de estranhos. Eu limitava-me a observar meio embriagado uma corrente de informação que fluía através de mim. Mas eu tinha poder, sim eu tinha... eu é que decidia o fim a dar a tanto barulho, eu é que decidia se alguém iria ouvir alguma coisa.
(...)
Jack era um pulha dos piores. Era indiferente a tudo, e se tinha escrúpulos estavam guardados no cesto da roupa suja. Bebia whisky como um padre bebe o vinho na missa, não uma vez por semana, (eram muitas mais vezes), mas sim com verdadeira fé. Um ritual que tinha de cumprir para poder fazer aquilo a que ele chamava: "A limpeza da pocilga." Enquanto cuspia para o chão e deitava cá para fora um sorriso sarcástico.
Bud era estúpido, mas tinha um pormenor que não passava despercebido a ninguém: era grande e mau. Para além disso tinha uma voz de soprano inacreditável e era um grande admirador do Elton John e de fast food.
Estes dois estranhos exemplos de pessoas eram meus subordinados. Faziam algum do trabalho sujo que tinha mesmo de ser feito. Não gostava de nenhum dos dois, mas admirava a frieza de Jack e a maneira como Bud cantava o "Mio Babbino Caro" do Puccini enquanto degolava uma pobre alma qualquer.

4 comentários:

HT disse...

O génio de sempre.

Miguel disse...

És um fofo Hugo. E um génio também. O meu sonho é fazermos geniozinhos. eheh

Baldrick disse...

Se misturasses umas porquitas, era bem capaz de resultar um filmezito um tanto ou quanto badalhoco!!

Miguel disse...

Dentro em breve estas histórias numeradas vão a votação. A que ganhar será concluida. E atenção, vou aceitar as sugestões dos meus admiradores. Portanto não aceito as vossas.

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